quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Racismo no Banco do Brasil - Agência Rego Freitas!



LUCIANO DIMIS DA SILVA (conhecido como James Bantu) foi à agência do BANCO DO BRASIL, situada à Rua Rego Freitas, n. 530, República, São Paulo-SP, no dia 09 de fevereiro de 2011, por volta das 14h30, para descontar seu salário pago em cheque pela Ação Educativa no valor de R$ 504,00 (quinhentos e quatro reais). Na porta giratória que dá acesso aos caixas do Banco – onde descontaria o cheque e receberia o dinheiro em espécie – foi diversas vezes barrado: não havia armário para colocar sua mochila, em que levava um computador portátil (Laptop).
Após abrir várias vezes a mochila, todos os bolsos e mostrar que não levava nenhum objeto que oferecesse risco à segurança do banco, os seguranças ainda assim o impediram de entrar. Enquanto estava com a mochila apoiada no chão e aberta, a segurança feminina que estava ao seu lado chamou um Policial Militar que passava fora da agência.
O Policial Militar, por sua vez, revistou novamente sua mochila, onde não achou nada. Após LUCIANO DIMIS DA SILVA perguntar para o PM se ele podia entrar na agência, ele disse “vamos para o canto para eu te revistar”. Determinou arbitrariamente que ele fosse até a parede e colocasse suas mãos na cabeça, quando o revistou, no saguão interno do banco, ao lado dos caixas. No canto, disse em tom agressivo, com o dedo em sua cara, coisas do tipo: “Você precisa me respeitar!”, “Coloca a mão para trás!”, “Cala a boca!”, “Se eu quiser, se eu mandar, eu posso até te deixar pelado aqui!”, “Só fala depois de mim; cala a boca!”, “Se você não calar a boca, eu vou te algemar aqui!”. Neste momento, sentou-se no chão, pois suas pernas estavam trêmulas, e continuava recebendo ordens e “lições de moral” do Policial.
Após todo esse embate, LUCIANO não tentou mais entrar no Banco, nem receber o dinheiro de seu cheque, o que está provado pela cópia que acompanha este documento. O Policial Militar disse: “isso aqui não problema de cor, de religião, nem de nada.” ao que o LUCIANO respondeu: “Quem está falando em cor aqui é o senhor!”. Saiu do banco humilhado e atordoado, esqueceu seu RG, que estava com o Policial, e que teve que voltar para pegar.
O impedimento de entrar no Banco seguido das inúmeras humilhações às quais foi submetido são completamente injustificados – dado que ele não levava nenhuma arma ou instrumento que pudesse colocar o Banco em risco – e não se negou a abrir a sua mochila para mostrar o conteúdo.
Não podemos permitir que este tipo de situação aconteça com homens e mulheres negras do nosso país. Uma instituição que diz ter a cara do Brasil não pode ficar indiferente ao caso.
Assine ao Manifesto:
http://colecionadordepedras1.blogspot.com/2011/02/manifesto-contra-o-racismo-no-banco-do.html



Hoje realizamos um ato político na agência bancária para que o cheque fosse descontado, mas que a Agência Bancária visse que não é normal este ato discriminatório. James entrou na Agência acompanhado pelo advogado Ibraim e por dois correntistas do Banco do Brasil, entre eles o Júnior do Circulo Palmarino. Entrou apenas com o RG e o cheque e deixou sua mochila com seus amigos na porta do Banco. Um policial que estava a paisana, mostrou seu distritivo aos seguranças do Banco e entrou armado dentro da instituição, sendo que a porta nem apitou. Debora Marçal tentou fazer a mesma coisa, entrar com a sua bolsa, mas automaticamente foi barrada. O advogado Ibraim entrou portando celular e chaves, mas a porta não barrou.
Resumindo, o James descontou o cheque e foi aplaudido por seus amigos, coletivos culturais presentes e ativistas dos Direitos Humanos. E a gerente da agência disse várias vezes que o Banco só fez o seu procedimento normal. NORMAL????
Próximo passo serão medidas judiciais. O caso já foi registrado no
DECRADI – DELEGACIA DE CRIMES RACIAIS E DELITOS DE INTOLERÂNCIA
Rua Brigadeiro Tobias, 527, 3º andar (próximo à Estação Luz do metrô)
das 9h às 19h (11) 3311-3985

4 comentários:

Mar Eu disse...

Muito certo todo o encaminhamento...
Uma vez meu ex companheiro foi humilhado na frente do banco Itaú onde tinha conta corrente. Era um dia como hoje...de muito calor e ele como era um profissional independente estava de bermuda e regatas...foi ao banco junto com seu sócio (branco) e decidiu ficar do lado de fora aguardando o sócio retirar o dinheiro de pagar os ajudantes...de repente surgiram duas viaturas e já foram empurrando ele pra parede e revistando com toda "a educação" possível...lá de dentro o gerente do banco e o sócio dele viram a confusão e sairam correndo pra fora pra ajudá-lo. A que tinha acontecido era que "um segurança" do banco que era novo e não o conhecia tinha chamado a polícia dizendo estar ele em atitude suspeita em frente ao banco.
eu fiquei indignada com isso...queria tomar providências, apesar do gerente ter pedido mil desculpas, mas meu ex companheiro não deixou...disse pra mim:

SE TODA VEZ QUE UM PRETO FOR HUMILHADO FOR PRA DELEGACIA, ELE MORA LÁ...

Foi isso...
Então essa atitude de vocês meio que lava minha alma daquela outra atitude...é assim mesmo !

Quero acompanhar o desdobramento disso...
Obrigada.

Unknown disse...

Salve acompanhei as noticias pela internet, divulgando o acontecido pelas redes sociais, no intuito de motivar a discussão e encaminhamento de ações que venham construir possibilidades coletivas de desconstrução destes atos de violencia e atentado aos direitos humanos, não podemos entender isto como NORMAL, como procedimento profissional de A ou BB, só quem ja vivenciou a discriminação e o racismo sabe como isso corta a carne, fere a alma e motiva uma contrapartida tambem violenta, porem acredito que nenhuma ação violenta machuca tanto quanto um ser humano ser rebaixado ao status de animal, um bicho, pelo fato de ser negro ou negra, infelizmente não pude estar no ATO, porem fiquei consternado, (+) revoltado e este acontecimento me motiva (mesmo neste momento particular da minha vida) a permanecer firme na proposta de desenvolvimento de ações para a conscientização de que a racismo no Brasil é tão forte ou maior do que muitos outros países assumidademente racistas.
......discutimos e brigamos por direitos e boa educação/ pautada na verdade, liberdade de expressão, conscientização e total e irrestrita reparação/ com ou sem alarde esse é o preço do resgate/ hoje é um pedacinho do centro, amanha a cidade/ a estratégia é simples, ardilosa e transformadora/ ocupar e resiguinificar espaços de uma sociedade excludente, racista e opressora/ conscientizando você f....... carrasco ursupador/ que meu povo historicamente sempre segregou, roubou, matou e estuprou/ treme o molho azedou/.....

Jaqueline disse...

"o primo do cunhado do meu genro é mestiço..." É muita hipocrisia nesse país, e esse fato é corriqueiro, as pessoas naturalizam e nos colocam como loucas e loucos.
Parabéns pela reação, pelo ato e pela denúncia, e que a justiça seja feita.

Carmen Faustino disse...

São situações diárias, hipócritas e revoltantes, porém a cada dia aumentamos nosso poder de discernimento, consciência e conhecimento. Parabéns pela dignidade no protesto, pela atitude em se mostrar presente, mesmo quando a grande maioria fecha os olhos...