sábado, 30 de maio de 2009

Manga Madura - Por: Elizandra Souza




Na minha infância, este dia denominado sábado era o mais esperado (hoje se tornou muito mais), pois eu andava de bicicletas, podia ir à fazenda do meu avô, brincar com o balanço que ele fez pra mim, embaixo do pé de cajueiro.
Hoje com essa vida maluca e semana sufocante onde dedico maior parte do meu tempo cumprindo burocracias e obrigações, mesmo que seja no meu trabalho e na minha faculdade que amo, é como só comer a manga sem chupar o caroço fica um processo inacabado.
Pensando bem o nome sábado, vem da origem do saber, ou melhor, saber sobre si mesmo. Pois se consigo dormir até o corpo pedir para levantar, sinto uma deliciosa vontade de ler livros que me levem para outros lugares ou filmes que me teletransportem assim, só com os olhos e ouvidos.
Gosto também de não fazer nada, acredito que o ócio é criativo e traz palavras do além, além de mim mesma.
Como as árvores a vida cresce e dá frutos, hoje recebo meu sobrinho na minha casa e sempre brincamos aos sábados e vejo seus primeiros experimentos, andando que nem um patinho ou como um sonâmbulo com os braços pra frente tentando se equilibrar e também tentando entrar no armário de mantimentos com a sua motoca.
Neste dia, sábado de eu sei, eu saberei posso desfrutar do pé da mangueira, da manga e do caroço.
Sábado é uma manga madura que posso me lambuzar.

Por Elizandra Souza, realizado no Curso de Redação Criativa, ministrado pela Profª Mônica Martinez, na atividade sobre Mapa Mental no dia 30/05/2009.

Mulher Negra, novo programa online Tobossis - Virando a Mesa



Tobossis Virando a Mesa é um programa online semanal que vai ao ar todas as quartas-feiras nos sites youtube.com, vidilife.com e tantos outros, além do nosso blog. Diante da ausëncia de programas que privilegiem e destaquem as lutas, conquistas e desafios da mulher Negra no campo midiático, Tobossis decide virar a mesa e ocupar um dos campos determinantes no processo de construcao identitario: O campo da imagem, da Comunicacao, portanto. Demarcamos aqui um dos territórios no qual a voz da mulher negra será ouvida e respeitada, afim de estabelecer o diálogo com outras mulheres e homens, negros ou não, a partir do nosso lugar, olhar e percepção de mundo.

Tobossis Virando a Mesa dá continuidade a luta de Lélias, Mahins, Rosas, Bells, Marias, Menininhas, Senhoras, Ciatas, Franciscas, Jandiras, enfim, todas as mulheres negras, reconhecidas ou não, que lutaram da maneira que foi possível para que chegássemos até aqui.

Com temas variados, Tobossis conta com a participação de três negras mulheres para virar a mesa: a estudante e esteticista Marah Akin, a jornalista e poetisa Mel Adún e a jornalista e musicista Víviam Caroline.

Idealizado e realizado pelo grupo Abará Tabuleiro da Comunicação, Tobossis Virando a Mesa nasce com a intenção de também chacoalhar a rede!

Assistam:






Fonte: http://tobossis.blogspot.com/

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Oficina Roda de Histórias Indígenas


Oficina Roda de Histórias Indígenas

A atividade, gratuita, acontecerá dia 20/junho na ONG Papel Jornal, em 2 horários



As histórias indígenas são um manancial de imagens, por vezes inusitadas, que revelam temas fundamentais da condição humana, os fenômenos da natureza e a origem das coisas, demonstrando assim a vasta capacidade do homem em dar sentido e criar diferentes modos de vida.



Inspirada no aprendizado junto às narrativas indígenas, o grupo de contadores Roda de Histórias Indígenas em parceria com o Inbrapi - Instituto Indigena Brasileiro para Propriedade Intelectual, convida a uma mobilização em vivências criativas para desenvolver o imaginário, o auto-conhecimento e a solidariedade.



Apoiado pelo Programa Petrobras Cultural, na área de Educação para as Artes, que tem como objetivo viabilizar a produção e distribuição de materiais de apoio para educadores e agentes culturais comunitários, o grupo produziu uma coleção com quatro CDs de áudio com narrativas de diferentes povos indígenas, trilha sonora original e livreto ilustrado com sugestões pedagógicas



Em cada oficina haverá distribuição gratuita de alguns destes kits para Escolas e/ou Bibliotecas.



Nosso trabalho se destina a crianças, jovens e adultos: educadores, terapeutas, artistas e todas as pessoas interessadas em mitologia nativa”, explica Rute Casoy, coordenadora do projeto.





Programa:

· Contextualização cultural

· Debate

· Roda de histórias

· Dinâmicas de sensibilização



Equipe:

· Organização: Nilda Rodrigues

· Focalizadores/as: Rute Casoy, Juliana Franklin de Oliveira, Ana Gibson

· Apoio: ONG Papel Jornal



Inscrições: Serão 20 vagas por turma, solicite ficha para se inscrever: nyldarodriguez@uol.com.br

Telefone: (11) 9251 9895




Data/Horário
Local

Turma 1
20/junho (sábado) das 9h às 12h
ONG Papel Jornal – Rua Roberto Selmi Dei, 187 – Altura do no. 2.200 da M”Boi Mirim – Zona Sul de SP

Turma 2
20/junho (sábado) das 14h às 17h
ONG Papel Jornal – Rua Roberto Selmi Dei, 187 – Altura do no. 2.200 da M”Boi Mirim – Zona Sul de SP

Me acorde!!!!!!!Alternawell


"Me acorde com um acorde animado
Que me deixe à vontade com a vida."

Autor: Alternawell

Acesse: http://WWW.ALTERNAWELL.BLOGSPOT.COM

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Debate sobre Jornalismo Literário com Allan da Rosa, Eliane Brum, entre outros

IV Jornalirismo Debate

Mesa: Jornalismo Literário

Eliane Brum (Revista Época)

Pedro Bial (TV Globo)

Allan da Rosa (Edições Toró)

Daniel Piza ( Revista Bravo e O Estado de São Paulo)

Sérgio Vilas Boas ( Academia Brasileira de Jornalismo Literário)

Dia 26/05 (terça-feira), das 19hs30 às 22hs. No SENAC Lapa – Rua Tito, 96.


Saiba Mais:http://jornalirismo.terra.com.br/eventos/24/676-eliane-brum-daniel-piza-sergio-vilas-boas-e-allan-da-rosa-debatem-jornalismo-literario

Concurso Literário de Suzano



Confira Aqui o Regulamento!

Você é a favor ou contra a política de cotas nas Universidades Públicas?

No site da Agência Senado, há uma enquete com a pergunta: “Em sua opinião qual seria a melhor opção para adoção do sistema de cotas para as universidades públicas?”, o resultado é o seguinte:

Cotas raciais - 10,90%

Cotas sociais - 3,1%

Não concordo com o sistema de cotas - 85, 91%

Portanto é importante que todos aqueles que são favoráveis as cotas para negros e índios entrem no site e deixem o seu voto.

http://www.senado.gov.br/agencia

Notícias dão conta de que apenas 6 dos 23 senadores que formam a comissão são favoráveis ao ingresso de negros e índios nas universidades através das cotas.

http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/04/24/brasil2_0.asp

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A palavra que aconchega e encanta!

Fotos: Ana Paula S. Bezerra


Este final de semana foi muito importante e significativo, pois pude aprender e ensinar. Recebi um convite do Coletivo Griot’s de ser uma facilitadora numa roda de literatura feminina, a principio aceitei, mas fiquei preocupada, o que eu iria abordar, pois não é porque sou mulher, que me qualifica sobre a temática. Eu não sou uma especialista, sou apenas uma curiosa dos pensamentos das mulheres de todos os tempos e realidades sociais. Mas em especial, amo a literatura escrita por mulheres negras, por ser uma delas e por acreditar na importância da sua força, luta, ginga e ideais.
Estávamos em oito pessoas reunidas, no CIC Encosta Norte, sábado no finzinho da tarde, lá no alto, onde o vento assobia e abraça o bairro com sua ventania, que sacode as cortinas, bate portas e janelas e sai sorrindo por todos os cantos dos milhares de apartamentos populares que caracterizam a comunidade.
Ana Paula, conhecida como Paulinha foi à anfitriã, até então eu achava que era a outra Ana Paula, que é conhecida como Aninha (esses detalhes são internos do Coletivo) nos encontramos no Brás e fomos conversando tão empolgadas que esquecemos que se passaram por volta de uma hora e 20 minutos até chegar no CIC, foi uma das poucas vezes que eu cheguei antes do horário. Ficamos ali observando uma aula para bombeiros miris, aguardando as pessoas chegarem.
Iniciei me apresentando,mas falando muito pouco que eu queria cumprir a tarefa proposta. Comecei com o Zenzele – Uma carta para a minha filha, da escritora zimbabuense, J. Nozipo Maraire, foi deste livro que encontrei o meu pseudônimo e nome do meu fanzine Mjiba. As Mjibas são mulheres que lutaram a favor da Independência de Zimbábue, temidas e admiradas, elas matavam para cumprir um ideal de libertação. Mjiba é um dialeto chona, que significa Jovem Mulher Revolucionária.
Foram feitos alguns comentários e prossegui com a leitura de Carolina Maria de Jesus, Diário de Bitita, li um dos capítulos que falavam porque Bitita quando criança queria virar homem. Este texto é um misto de tristeza e alegria, sorriso amargo e lágrima doce, costumo sempre dizer, pois tem uma hora que ela fala do alimento, o sonho dela era comer pão com sardinha todos os dias, e ficamos comentando como o alimento na nossa infância, era inacessível, comer danones era visitar o céu estrelado, bolacha recheada era pra quem tinha madrinha com varinha e esses enredos alegre-triste da infância, que as coisas ganhavam mais proporções do que elas valiam de fato.
Prossegui nessa literatura que envolve o imaginário da menina, com a leitura do conto, o Enterro da Barata, da escritora Geni Guimarães (ela já participou da série Cadernos Negros, só não lembro as edições), neste texto a menina tem mania de imitar animais, ela não queria mais conversa com as pessoas, só falava o necessário. Numa tarde ela viu várias formigas, levando uma barata morto,imaginou ser uma falta de respeito não acompanhar o enterro e ficou até o finalzinho da tarde, a família estava desesperada e ela simplesmente falou que estava sendo solidária só isso. A família pensou que ela estivesse com um encosto, e a levou numa benzedeira que disse que ela estava sendo acompanha pelo Espírito de Zumbi. E foram vários rituais para que a menina fosse curada...e segue com mais elementos...
Ficamos conversando sobre a imaginação infantil.
A roda de conversa foi assim gostosa e aconchegante, não quero cansa-los com a minha felicidade, mas fica o convite para as próximas rodas, a primeira foi o Sacolinha e provavelmente a terceira será o Akins.
Aguardem. Agradeço ao Coletivo, fiquei muito contente de compartilhar palavras, carinho, bolachas e refrigerantes. Vida Longa para o Coletivo e suas atividades.
Abraços poéticos
Elizandra Souza, 18 de maio de 2009.




Confira mais fotos:







sábado, 16 de maio de 2009

Hoje Roda de Conversa sobre Literatura Feminina por Elizandra Souza, organizado pelo Coletivo Griot's

Carolina Maria de Jesus

Paulina Chiziane

Clarice Lispector

Roda de Literatura Feminina com a poetisa Elizandra Souza


Elizandra Souza nasceu na cidade de São Paulo, estudante do curso de jornalismo e redatora da Agenda Cultural da Periferia. É escritora, autora do livro “Punga” (poesias), co-autoria de Akins Kinte pela Edições Toró. Editora do Fanzine Mjiba (2001-2005). Poeta da Cooperifa desde 2004. Participou das antologias Cadernos Negros 29 e 30, Sarau Elo da Corrente, Negrafias e colaborou em outras publicações.


Contato: amandlamjiba@yahoo.com.br
Blog: http://www.mjiba.blogspot.com/

Data: 16/05
Horário: das 17h30 às 19h
Local: CIC - Encosta Norte:
R. Padre Virgílio Campello, 150
Encosta Norte - Itaim Paulista
Tel.: 11 2562.2440


Organização: Coletivo Griots
Blog: http://projetogriots.blogspot.com/
Telefone: 8034-4112 c/ Paula 8162-0683 c/ Ana


quarta-feira, 13 de maio de 2009

Denúcia atrasada - Por: Elisangela Souza




Hoje pela manhã passou na TV sobre a Campanha de arrecadação de alimentos e roupas paras as vítimas das enchentes no nordeste e para confirmação (e não dá pra dizer espanto) foram arrecadados em torno de 150kg de alimentos, sem contar que a Defesa Civil ainda não se manifestou quanto o transporte do material arrecado.


Não faz muito tempo, aconteceu um desastre de proporção parecida em Santa Catarina e com a solidariedade do povo brasileiro, aconteceu muitas campanhas, tanto de arrecadação de alimnetos e roupas, como de arrecadação de dinheiro pra reconstruir os lugares atingidos. Tendo até pessoas dizendo que não tinha mais onde colar tanta coisa que estavam andando, chegando até a estragar os alimentos, por não dá conta da distribuição de tudo.
Teve uma propaganda em atletas dizia que Santa Catarina já deu tanto orgulho para o país e isso não podemos negar, estava na hora do Brasil retribuir em solidariedade.

De súbito, lembro-me que hoje diz-se o dia de denúncia contra o racismo, engraçado, não?

A poucos anos atrás no país de primeiro mundo também esqueceram Nova Orleans no sul dos Estados Unidos.

Nem preciso estender, mas completo minha indignação com uma música que fecha esse assunto.


Cidadão
Zé Geraldo
Composição: Lucio Barbosa

Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer

Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer

Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar

Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar

Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar

Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar

Assim, está feita a minha denúncia que infelizmente não é só hoje, é de ontem.

Um abraço,
Elis

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Fundição - Elizandra Souza



Sou capaz de fundir-me...
juntar sua história com a minha,
correr nas suas estradas,
passear nos seus distantes campos,
desenhar-me nas suas tranças.

Sou capaz de fundir-me...
sem perder-se de mim mesma
e sem apagá-lo de si.
Girando como seu disco de vinil
quando toca uma canção.

Sou capaz de fundir-me...
sendo aquela mixagem
sua miragem da minha imagem
refletida no espelho da nossa Sintonia
sua música na junção da minha poesia.

Sou capaz de fundir-me...
nessa sua pele preta
reluzindo na luz do dia.
Suor deslizando no corpo
chuva que escorre na vidraça da janela.

Sou capaz de fundir-me,
mas você não quer me dá seu coração”
aguardo o retorno da nossa canção
como quem exaustivamente espera o entardecer
ou o encontro casual do sol e da lua ao anoitecer.

** Poema publicado na Antologia Negrafias, 2008.