quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ensaboando a memória



Lembro-me como se fosse hoje do meu aniversário de 10 anos, foi na Fazenda Cauê, minha vozinha organizou juntamente com as minhas tias uma pequena comemoração. Não tinha os comes e bebes comuns das outras festas de aniversário que eu costumava ver na televisão ou quando freqüentava os aniversários de Paty e Xanda (minhas amigas de infância).
A mesa foi organizada com bolo de arroz, de aipim, coscorão (massa de pastel frita sem recheio e salpicada de açúcar), tubaína, sucos de caju e de acerola, pasteizinhos,entre outros que não me lembrou agora e os convidados chegaram quando o sol começou a esfriar ( se é que isso é possível).
Cada um dos convidados trouxe um pequeno embrulho, não eram enrolados em papéis típicos para presentes, mas em jornais e revistas (será por isso me interesse pelo mesmos?)...Depois de cantar parabéns comecei a desembrulhar os presentes, tinha inúmeros sabonetes das marcas: Lux Luxo, Phebo, Alma de Flores; perfume de Seiva de Alfazema (cheiro da minha vozinha); pastas de dentes das marcas Kolynos e Colgate, entre outras de juás; toalha de banho; dinheiros enrolados nas mesmas embalagens; latas de doce de goiabada; brincos e colares.
Hoje me veio este lapso de memória destes presentes que eu costumava receber dos meus parentes na cidade de Nova Soure, eu me lembro que eu adorava este carinho, sempre gostei de ser paparicada, sempre fui muito querida, e estas eram as formas que o meu povo costumava demonstrar carinho e atenção. Eu lembro que quando as minhas colegas da escola perguntavam o que eu tinha ganhado e eu falava a lista de presentes, elas riam e falaram que mais parecia uma compra de supermercado e não presentes. Eu ficava super triste com esta reação das mesmas que moravam na cidade e achavam que eram melhores do que as pessoas que moravam na Zona Rural...
Por que estou falando tudo isso? Hoje é dia 23/12/2010 e voltei ao passado 03/07/1993 entrei em uma loja O Boticário e comprei sabonetes para todos os meus familiares e pessoas que amo... meu pai, minha mãe, minhas irmãs, meu cunhado, meu sobrinho, meu amado, pra mim e para a mãe de uma amiga...como não queria acabar com o estoque de sabonetes ainda falta presentear muitos amigos e por isso resolvi presentear com esta história para que sintam o cheirinho de ser amados de alguma forma e que lembrem-se as pequenas formas de atenção que os nossos encontram para dizer, te amo através de um sabonete, que significa para mim eu te quero bem.
Sabonetes para todos e todas!!!
Axé que eu vou ensaboar a minha vida....até 2011!!!
Elizandra Souza

2 comentários:

Migh Danae disse...

Coscorão? A gente chamava de cavaco... e eu adoro cavaco! Só depois de muito tempo, já grande, já longe de casa, que me disseram que era pastel de vento... eu achei muito feio, por que nunca imaginei que faltasse alguma coisa ali dentro, que era uma massa "sem nada".
Como as pessoas são maldosas com os nossos sonhos de criança!
Adoro textos assim. Lembro de tantas coisas... preciso fazer um desse.

Urânia disse...

Eita voltei ao tempo que além de cavaco(coscorão) eu me alimentava de tapioca torradinha com coco e os causos que voinho contava enquanto bebíamos um café bem quente ouvindo a chuva cair num telhado de zinco que cobria a varanda da nossa casa...Adorei o texto e tudo a que ele remete. Bjus Nêga Preta!