Acordei cedo e um exemplar de jornal sorrindo-me pela manhã. Um misto de eu posso conhecer o mundo, como ele é, ou como ele é mostrado por um determinado grupo de pessoas. Um sentimento de vingança. Chegou este determinado jornal no labirinto da minha residência com entradas secretas apenas atravessadas pelos seus moradores.
Pensei na relação do poder, não é somente o papel chamado dinheiro que tem poder, o papel chamado jornal também tem poder, o papel chamado livro também traz poder.
E o papel que você escolhe encenar, interpretar, vivenciar também traz poder.
" Conhecer para dominar", este foi o lema da construção do nosso país (que acelera os batimentos do coração para a bola que rola no estádio e fecha os olhos para as bolas que giram, no farol, nas maõs de crianças malabares).
Pensei no nosso papel...cidadãos e cidadãs das periferias, vivenciando este contexto histórico que os holofotes apontam na nossa direção, apesar de ainda continuarmos nos cantos do mundão. Mas já podemos nos orgulhar da nossa cultura da forma que vem sendo criada, nossa arte multifacetada...veio em meus pensamentos o " Conhecer para se reapropriar", hoje vejo nossos artistas conseguindo acessar os códigos de editais públicos, sinto essa reapropriação de grupos como Capulanas e Brava Companhia, conquistando editais como o de Fomento de Teatro, que têm ganhadores cativos há anos...
Sinto esse balançar nas estruturas de poder, como se fossemos um pequeno ratinho roendo as bases, os alicerces de uma gigantesca coluna, aparentemente inabalável..
Neste momento qual é o papel e qual é o poder que queremos ter?
É preciso criatividade, algo tão familiar e cotidiano que exercemos a todo momento e nem nos damos conta por ser nossa arma ou instrumento de sobrevivência, estamos criando o tempo todo, por exemplos, quando estamos fazendo uma comida e falta um ingrediente na receita e substituimos por outro que aparentemente não combinava...ou quando temos determinadas peças de roupas e colocamos vestido e calça, juntos, aparentemente não ficava bem..hoje é moda...ou ainda quando pintamos um cômodo de cada cor, porque as tintas não foram suficientes, criamos, assim, um novo estilo de decoração. Ou quando, juntamos caquinhos de azulejos fruto do lixo de uma construção de luxo e pegamos cada caquinhos e compomos o nosso mosaíco....
Pelos exemplos, criatividade é o que não nos falta...Quando misturamos várias linguagens artísticas num mesmo espetáculo também é se apropriar do nosso lado criativo...
O que é a criação?? Seria brincar de ser Deus? Seria execer algum papel? Seria reapropriação? Seria retomada? Seria poder?
Criar + Papel = Poder
Poder - Papel = Criar
Papel x Criar = Poder
Poder / Criar = Papel
Não sei bem quais dessas equações serão usadas, mas " Conhecer para se reapropriar" pode ser a nossa diretriz...
Axé.
Elizandra Souza
2 comentários:
é, vou encaminhar essa mensagem pra todos que eu conseguir!
Viva a apropiação da nossa arte!
(seja ela qual for)
Já estamos no meio do caminho da (r) evolução e brevemente, faremos a REVOLUÇÃO mesmo ! Sinto que poucos no "poder" estão esperando ou preparados para isso !
é nóis !
bjoo e parabéns pelo texto mto bem escrito !
bjo
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