segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cidinha lança novo livro amanhã na Ação Educativa


COLONOS E QUILOMBOLAS


O livro “Colonos e Quilombolas” registra histórias dos territórios negros urbanos formados em Porto Alegre, findo o trabalho escravizado, por meio do testemunho e da voz iconográfica de seus protagonistas, moradores da região conhecida como Colônia Africana. O território se iniciava na atual Cidade Baixa e passava pelos bairros Bom Fim, Mont’Serrat, Rio Branco e estendia-se até o bairro Três Figueiras,
onde subsiste o Quilombo dos Silva, reconhecido pelo Governo Federal,
mas, diuturnamente contestado pela vizinhança, como é regra no
tratamento dado aos quilombos, urbanos e rurais, em todo o país.
Apesar de ter suas ruas inscritas nos mapas do século XIX, a região,
popularmente conhecida como Colônia Africana, nunca foi reconhecida
pela Prefeitura como um bairro da cidade. Os depoimentos e as
fotografias nos contam uma história de resistência e reinvenção da
vida na busca da humanidade plena, roubada pelo racismo. Os moradores
da Colônia Africana nos alertam, por exemplo, que os porto-alegrenses
gostam de pensar que os judeus foram os primeiros habitantes do Bom
Fim. Não foram, não. Os negros chegaram antes, bem no início do século
XX. Aos poucos foram imprimindo suas marcas nas festas populares e de
origem religiosa que envolviam os imigrantes europeus, também
moradores do bairro. A região era povoada por homens e mulheres negros
qualificados para diferentes ofícios: trabalhadores(as)
domésticos(as), tais como jardineiros, cozinheiras e damas de
companhia; acendedores de lampião, roçadores de terrenos, lavadeiras,
benzedeiras, condutores de carros e bondes, costureiras e músicos,
dentre os predominantes. Como define a professora Petronilha Gonçalves
na introdução da obra: “Os habitantes da Colônia Africana, assim como
de outros bairros negros de Porto Alegre são colonos, não porque
povoaram áreas não habitadas, ou porque se dedicaram ao cultivo de
terras. São colonos porque guardaram, aqueceram e lançaram em seus
descendentes, sementes de culturas africanas e histórias de
antepassados trazidos à força da África. Sementes que germinaram em
trabalhos, celebrações, festejos, jogos, cuidados e criatividade. Os
negros colonos, como os quilombolas de que trata este livro, são
guardiões de conhecimentos e da sabedoria que os escravizados
trouxeram em seus corpos, consciência, sentimentos, e com os quais
ajudaram a erguer a nação brasileira. São colonos e quilombolas porque
resistem às reiteradas tentativas de desqualificação e de extermínio,
porque ergueram e continuam erguendo fundamentos das africanidades
brasileiras, resistindo para não desligar de suas origens.” Para
narrar estas histórias, Cidinha da Silva se juntou às gaúchas
Dorvalina Fialho, Vera Daisy Barcellos e Zoravia Bettiol, sob
coordenação editorial de Irene Santos, e escreveu dez textos
ficcionais a partir de depoimentos de ex-moradores da Colônia Africana
para o livro “Colonos e Quilombolas”, um registro épico da
territorialidade negra em Porto Alegre. Em tempo: Emanoel Araújo
responsabilizou-se pelo prefácio.
Dia 26/10, 19h. Ação Educativa - Rua General Jardim, 660. Vila Buarque.

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