quarta-feira, 8 de abril de 2009

Negro Tom - Luciana Dias



Insisto em frequentar
Bibliotecas, livrarias
Comissões, delegações
Teatros, Museus
Festivais, Universidades
Antigas salas de estar

Passo a catraca
E não sou mais invisível
Elemento suspeito
Fora de lugar

Você trabalha aqui?
Uniforme invisível?
Origem, marca, cor

Simples presença
Causa desconforto
Ameaça poderes
O que era velado aparece

Sinto na pele
A faço presente
Peles negras
Máscaras brancas
Já dizia Fanon

Aos poucos tomamos a casa grande
Aos poucos tomamos os lugares de poder
Aos poucos te ensino a me ver
Sem sua máscara, como sou

Imponho minha presença
Provoco discussão
Reivindico o que é meu de direito
Não passo em branco

Mudo o Tom
Do discurso
Dos bacharéis
Da literatura
Do cinema
Da Graduação

Tudo modificado
Com o negro tom


***Lú, este poema..ainda é exceção, mas devagarinho estamos re-conquistando nossos espaços...

valeu pelos versos..por falar de mim...assim..como se eu mesma tivesse escrito.

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