sábado, 30 de maio de 2009

Manga Madura - Por: Elizandra Souza




Na minha infância, este dia denominado sábado era o mais esperado (hoje se tornou muito mais), pois eu andava de bicicletas, podia ir à fazenda do meu avô, brincar com o balanço que ele fez pra mim, embaixo do pé de cajueiro.
Hoje com essa vida maluca e semana sufocante onde dedico maior parte do meu tempo cumprindo burocracias e obrigações, mesmo que seja no meu trabalho e na minha faculdade que amo, é como só comer a manga sem chupar o caroço fica um processo inacabado.
Pensando bem o nome sábado, vem da origem do saber, ou melhor, saber sobre si mesmo. Pois se consigo dormir até o corpo pedir para levantar, sinto uma deliciosa vontade de ler livros que me levem para outros lugares ou filmes que me teletransportem assim, só com os olhos e ouvidos.
Gosto também de não fazer nada, acredito que o ócio é criativo e traz palavras do além, além de mim mesma.
Como as árvores a vida cresce e dá frutos, hoje recebo meu sobrinho na minha casa e sempre brincamos aos sábados e vejo seus primeiros experimentos, andando que nem um patinho ou como um sonâmbulo com os braços pra frente tentando se equilibrar e também tentando entrar no armário de mantimentos com a sua motoca.
Neste dia, sábado de eu sei, eu saberei posso desfrutar do pé da mangueira, da manga e do caroço.
Sábado é uma manga madura que posso me lambuzar.

Por Elizandra Souza, realizado no Curso de Redação Criativa, ministrado pela Profª Mônica Martinez, na atividade sobre Mapa Mental no dia 30/05/2009.

8 comentários:

Música Preta da Boa disse...

Essa coisa sabática e nostásgica dos pés de mangueira, balanços e risos nos envolve e arrebata a todos... a 'adultêz' chega e aspectos essenciais são deixados de lado, uma vez que a correria cotidiana exige uma concentração quase exclusiva no universo do trabalho e da construção de conhecimento. Dessa forma, cada um de nós tende a se desprender do que é onírico, utópico, romântico e a vida fica tão sem manga madura. Até que paramos e gritamos basta, me devolva minha infância com minha motoca e/ou minha boneca que eu esqueci guardada aqui... sei lá, Eli, esse teu texto me faz lembrar um pouco das coisas importantes que deixei de valorizar em detrimento das exigências de nosso mundo doido... cheiro...

Anônimo disse...

adorei.
Sábado é o dia pra ser feliz.
Bejos!!!

Anônimo disse...

Bons tempos de infancia, lembro-me que não saia do pé de amora que tinha em um sítio pertinho de casa, era da escola direto pra lá, se demorava muito...chicotada do meu pai...mas no dia seguinte era tudo a mesma coisa...rsrsrsr.
Hoje esse sítio esta urbanizado, acredito que muitos lugares desse encontra-se tambem da mesma forma, urbanizado, pelo menos em São Paulo, éra um previlégio que infelismente as crianças de hoje não ira desfrutar por conta da ambição do ser humano. Espero que pro Andwele seja diferente das gerações de hoje!!!
É issi nega, abraços!!!

Dica L. Marx disse...

Olá Elisandra,

Você tem razão o sábado é um dia pra se lambuzar como com uma manga madura, mas infelizmente esse ritmo da cidade e toda essa velocidade tem feito haver menos mangueiras por aí...
Lindo texto.

Abraço
Dica

Elisangela Souza disse...

Essa manga madura sinto falta também, dá do pé e dos momentos, pelos poucos que são procuro apoveita-los da minha maneira... Dá uma saudade, lembrei da férias em Tia Zefinha...rsrs...
E minha manguinha cambaleante e traquina, dessa me lambuso demais!!!
Um bj,
Elis

Unknown disse...

Neide
Nossa este texto ficou maravilhoso,é muito legal quando fala que seu sobrinho que quer entrar no armário com a moto.
Elis esse seu texto me faz lembrar de quando era criança.

Mjiba disse...

Agradecida pelos comentários, com eles eu amadureço e não me sinto escrevendo pra mim mesma..ás vezes tenho impressão que sou uma escritora fantasma nesse blog...
Valeu pelo incentivo, como diz Seu Lorival...risos..
Abraços poéticos á todos.
Axé....
Elizandra Souza

Bisturi disse...

Adorei mesmo Elizandra, da mesma forma que podemos sentir o prazer e a doçura da manga madura... meu desejo sincero é que vc com essa luz que sempre é reluzente continue espalhando no mundo suas escritas maravilhosas

Bj no seu coração

Renato (Bisturi)